Felizmente ou infelizmente precisei enfrentar uma ‘via-crúcis’ neste último final de semana, para garantir vaga para minha filha no ensino médio. Foram horas de leitura, conversa, conhecer novas pessoas e muito cansaço.
Porém, ainda assim sobrou muito tempo, e com esse tempo vago foi possível refletir bastante sobre o estado por que passa a educação neste país. Todos os rostos da multidão que se acomodava como podia nas dependências da escola demonstravam um só sentimento: indignação.
Foram dois dias e duas noites, que passamos pela humilhação de dormir (tentar pelo menos) no chão duro e frio, com camas improvisadas e na companhia indesejada dos mosquitos. Entretanto, como tudo na vida, podemos sempre tirar das adversidades algumas lições importantes.
Uma delas diz respeito ao descaso que o Estado tem com a matéria em questão, de não construir novas unidades escolares. Para começo de conversa o governo estadual neste quesito já está sumariamente reprovado, não só neste ano, mas em todos os anteriores.
Os colégios de segundo grau existentes são edificações extremamente antigas, não se vê novos prédios para responder às demandas nesta área. É nessa hora que a verdade aparece, o governo só prioriza a educação na propaganda oficial.
Na prática a verdade é bem outra, um batalhão de gente, dois dias confinados para conseguir uma senha e assim poder matricular o filho, os incansáveis servidores públicos, que uma vez na linha de frente encaram as maiores adversidades para oferecer à classe estudantil uma educação de qualidade, as Apps que lutam sem medir esforços para não deixarem que a deterioração tome conta das instalações onde seus filhos passam anos decisivos para o seu futuro.
Ao mesmo tempo quero fazer um pedido ao governo estadual. Comece hoje a construir novos prédios para essa geração e as vindouras de estudantes, e assim terem todos acesso ao conhecimento com decência. Parem de investir em secretarias, parem de investir na promoção da imagem política do governo, parem de investir em cargos comissionados.
Invista pesado naquilo que é vital para a juventude, e não para um grupo político que está no poder. Como pai eu garanto, se o governo erguer e entregar novas escolas, os pais se comprometem (como sempre) a conservá-las.
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