É irritante a santa hipocrisia que rege esse país. Ficamos sabendo agora, pela mídia (como sempre!) que o Brasil bateu recorde na produção de automóveis. Também sabemos pela mídia, que o trânsito caótico de nossas cidades não comporta mais receber este número absurdo de veículos.
Sem contar que é veiculado, também pela mídia, que o automóvel tornou-se nessa história o patinho feio. O carro continua sendo o mais preferido meio de transporte. Porém, é o mais combatido quando o assunto é a eterna batalha entre esse meio e os outros.
Ao mesmo tempo, veicula a todo momento (também) na mídia os mais variados modelos de propaganda de carros. São inúmeras as opções de marcas e modelos que diariamente despejam milhões de reais para os veículos de comunicação, querendo empurrar um carro ao telespectador.
Eles conseguem, através de peças publicitárias de extrema qualidade, fazer com que o indivíduo se veja na necessidade de comprar aquele objeto do desejo. Inventam um milhão de vantagens, garantia de seis anos, sem entrada, prestações a perder de vista, e outros brindes oferecidos aos “felizes” compradores.
Eles aproveitam que o brasileiro é um inveterado apaixonado por carro, e assim, como se fosse um feitiço, e torna-se real o sonho do carro novo. Por que no comercial de carro não se coloca um informe no final, como acontece com as cervejas: “atenção, o trânsito não suporta mais o seu carro novo" ou “o Ministério do Transportes alerta, deixe seu carro novo na garagem, trânsito caótico”.
As fábricas, as agências de publicidade, concessionárias, mídia, ganham rios de dinheiro com esse produto chamado veiculo de passeio. Entretanto, nessa cadeia produtiva, fora estes citados acima, todo o resto perde e perde muito.
A mesma televisão que noticia quase todos os dias sobre essa maldita polêmica, o caos no trânsito das cidades, onde têm carros demais e estrada de menos. Faturam um mar de dinheiro, quando veiculam propagandas dizendo ao telespectador que chegou a vez de adquirir seu carro novo: "o que você está esperando?".
Nenhum comentário:
Postar um comentário