terça-feira, 18 de janeiro de 2011

BOLETIM DE OCORRÊNCIA

Não é novidade para ninguém que segurança pública no Brasil é peça de ficção. Dentro desta instituição existe uma modalidade chamada: “boletim de ocorrência”. Que virou mera formalidade dos estados, responsáveis diretos pela segurança pública, para justificar seu status quo.

Difícil conversar com alguém que ainda não tenha se dirigido à Delegacia de Polícia para registrar um boletim de ocorrência (B.O). O que na prática acontece, quando somos vítimas de um crime, roubo, agressão, assalto e outros infortúnios, são o total desprezo e abandono pelos órgãos de segurança pública.

Órgãos estes financiados e mantidos por mim e por você, através da carga impiedosa dos impostos. A dificuldade não é chegar até o espaço físico das delegacias, e sim, verificar que não é nos dado o direito pleno de exercer nossa cidadania. O primeiro impacto é que não existe gente para prestar um atendimento digno ao público.

Realidade nada diferente das ruas, que também sofre com a falta crescente de efetivo policial. Não existe agente da lei para investigar, não existe para prender e não existe para responder às demandas do cidadão, já tão fragilizado e inseguro com o aumento brutal da criminalidade.

O mais lamentável, após realizar o boletim, é que provavelmente você nunca mais terá notícias sobre seu andamento. Por quê? Porque não tem policial nem sequer para encaminhar e dar o devido trâmite às milhares de ocorrências.

O meu boletim, o seu, e da grande maioria das pessoas, acabam mofando no interior destes estabelecimentos, e servem somente para índices estatísticos de algum especialista ou pesquisador da área. É possível hoje fazer o boletim pela internet. Alguém pode dizer que é um avanço, mas em nada muda ou melhora ao cidadão.

É o mesmo que trocar seis por meia dúzia! A verdade é que neste quesito, meu direito constitucional é solenemente ignorado pelo Estado. O mínimo que se exige, é a resposta ágil das autoridades, o devido andamento legal do processo, prazos de audiência sendo cumpridos, mais profissionais nas delegacias e assim oferecer um atendimento mais humano.

Conclui-se que a causa desse verdadeiro suplício, passa pela desfaçatez dos governantes em não oferecer à sociedade o necessário efetivo na área de segurança pública. Se nada mudar neste modelo que beira o surreal, continuaremos a buscar uma justiça pró-forma, e se limitar apenas ao registro de um B.O.

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