Vamos combinar, é irritante e revoltante certas coisas que vemos na TV. Me refiro ao excesso de reportagens que trata do caos no trânsito brasileiro. Provocado principalmente pelo mar de veículos que entopem as vias públicas.
Especialistas são entrevistados e sempre o mesmo diagnóstico: não é possível mais continuar o trânsito receber todos os dias um número absurdo de novos veículos. Estamos no mato sem cachorro, pois todos são unânimes em afirmar que não tem solução a médio prazo.
Até aqui, percebe-se que a mídia está no lado do mocinho. Porém, quando ligamos a televisão a realidade é bem outra. A mídia está abraçada com o bandido. O que mais se vê são comerciais de automóveis. São inúmeras marcas, uma infinidade de modelos, propagandas engraçadas, outras, uma super produção.
Existe de tudo, financiamento a perder de vista, primeiro pagamento só dois ou três meses depois da compra, distribuição de brindes e agrados, etc. A televisão faz o papel do morde e assopra. Durante o telejornal encampa a pauta onde o carro de passeio é o vilão do trânsito.
Já, durante o intervalo esquece de tudo, põe os fatos de lado, e quer mais é faturar seus milhões com a publicidade frenética que faz de tudo para o brasileiro, que já é apaixonado por carros, saia alucinadamente às compras.
Penso que deve ter algo de muito errado nessa história, uma vez que a TV não poderia ter esse comportamento dúbio. A conclusão que se pode tirar é que o fator econômico fala sempre mais alto. Quanto mais carros para anunciar, mais enriquecem os veículos de comunicação.
E quanto mais carros nas ruas, mais próximo o dia da total inviabilidade de ir e vir com veículos de passeio. Será o dia que o brasileiro ficará nos intermináveis engarrafamentos, confinado o dia inteiro dentro do seu objeto de desejo. Afinal, é um sonho concretizado: ficar o tempo todo junto com a minha paixão!
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