sábado, 11 de dezembro de 2010

GOVERNAR É A ARTE DE REPRESENTAR

Quando me filiei na primeira agremiação política, sem obviamente conhecer seu funcionamento e as mazelas intramuros de uma sigla partidária, ouvi uma frase inesquecível, depois soube que ela faz parte de todos os partidos: “nosso objetivo maior é chegar ao poder”. Dentro de um contexto e como finalidade ela é legítima.

Solta, a frase pode suscitar interpretações variadas. Uma tese possível de levantar é tentar saber o que acontece com o político após chegar ao poder, entender também como acorre essa metamorfose dentro destas mentes brilhantes. Existe um antigo chavão que diz: “o poder corrompe”. Segundo pesquisador americano Adam Galinsky, o poder nos torna mais corruptos, mesquinhos e hipócritas.

Partimos então da premissa que, governar é exercer o poder na sua plenitude. Seguindo ainda esse raciocínio, concluímos que os governos se empenham em aumentar mais e mais seu poder e assim buscar ali se perpetuar. Já, governar propriamente dito (dirigir e administrar o destino do cidadão) passa ser um exercício de encenação, onde predomina a demagogia barata é o jogo sórdido dos interesses particulares, em detrimento do precípuo interesse público. Infelizmente, o que mais vemos são governantes que inebriados pelo jogo sedutor de chegar ao poder, se transformam e passam a representar uma personagem.

Governos podem manipular, podem subestimar a inteligência alheia, podem tomar todo tipo de decisão, mesmo aquelas que são contra a sociedade. Para tentar justificar desmandos, governos também patenteiam suas tolas verdades, como as únicas que devem merecer crédito. Basta ligar a TV para comprovar que as maiores roubalheiras têm seu nascedouro nos três poderes executivos, municipal, estadual e federal.

A corrupção no Brasil se retroalimenta. O mesmo processo de saída, que desvia o dinheiro público para as malas, cuecas e paraísos fiscais, é transferido para o processo de entrada, que é a impunidade, um verdadeiro câncer que corrói a dignidade do honroso povo brasileiro. Da mesma forma que o eleitor, dois dias depois da eleição já esqueceu para quem votou, o político também, só lembra de nós a cada dois anos. Interessante também pensar, sobre as mais complexas e diversas demandas que recaem sobre os governantes.

Ao mesmo tempo surpreende o fascínio que o poder exerce nestes homens. Na hora de responder às demandas, entra em ação a instituição das desculpas tortas e explicações mancas. “Aquele que não é capaz de governar a si mesmo não será capaz de governar os outros.” (Mahatma Gandhi)

Nenhum comentário:

Postar um comentário